quinta-feira, 7 de novembro de 2013

A BONECA


Pés descalços no chão,
Corpo disforme, raquítico...
Barriga grande,
Dedo sujo na boca.

Terra molhada,
Esgoto a céu aberto,
Caixas de papelão,
Lar dos subumanos.

Urubus e capivaras,
Animais de estimação.
A boneca tão limpinha
Aninhada no coração.

A menina cresceu
E cheirou cola.
Depois vendeu seu corpo,
Assaltou pedestres felizes
E se mudou para a prisão...

Mas a boneca, ah!
Aquela boneca
Sem cabelos,
Lavada com lágrimas
Choradas pela dor de fome...
A boneca, ah, a boneca!
A menina levou com ela.



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